17 de nov. de 2011

A voz

Quem somos nós, povo sem voz que se deixa levar nesta eterna desdita.

Muito falámos, mas também pouco dizemos. Queremos nos fazer ouvir custe o que custar e pouco ou nada queremos ouvir dos outros.

Todos esperam falar perante um público e que este nos encha de ovações.

Mas um dia, quando nos levantamos pela manhã para reiniciar a nossa rotina de diálogos em que esperamos que alguém nos ouça, algo acontece, algo terrível acontece.

A voz falha, e quando a nossa voz falha deixamos de existir, deixamos de existir neste mundo ao qual mudos não conseguem se fazer ouvir.

É em silenciosos apelos que tentamos chamar a atenção de alguém, mas nada resulta.

Perante tal infortúnio, tentamos sobreviver, e é aí que entram as palavras. Se não poderei pronunciar-me terei de escrever. Escreverei tudo e mais alguma coisa, escreverei sobre mundo e o “nada”, e continuarei, continuarei a escrever até que as palavras me falhem, e se falharem…

Bem, isso já é outra história.


3 comentários:

Mariana disse...

LINDOOOOOOOOOO! **palmas, de pé, para um texto tão adequando à conjectura actual**
As palavras nunca faltarão, enquanto tiveres algo a dizer!

Cristina Fitas disse...

Obrigada
No momento que escrevi o texto não me faltaram palavras, mas estas esgotaram-se porque agora já tenho voz para poder me pronunciar.

Anônimo disse...

muito bom cristina ;) muito bom mesmo!