15 de fev. de 2011

Carta

Barcelos, 14 de Fevereiro de 2011

D.,

Sinto o coração esmagado, pequenino, como se já pouco dele restasse.
Estou cansada, não aguento o meu próprio peso, não levanto os pés, ando a passo de caracol, tenho os olhos praticamente fechados, e a forma da boca é a daqueles bonecos que desenhamos quando somos pequenos, bem triste.
Toda eu me sinto um boneco, quieta, muda, sem pensamentos.
Falam para mim e eu comporto-me exactamente como um , não respondo, porque realmente não ouço o que me dizem, todo o dia foi assim, fui abanada para que ficasse atenta , ouvir, e muito lentamente responder .
Pouco a pouco foram desistindo de falar para mim , realmente não adiantava , não valia a pena , e eu preferia assim .
Só pensava em duas coisas, eu e tu, mais precisamente numa só coisa, nós . Via tudo até aquele momento, o dia em que estive contigo pela primeira vez, contei todos os passos, relembrei todos os momentos e no meio de tanta gente , sentia-me completamente só .
Cada mensagem tua eram picadas no corpo, tinha medo, respirava bem fundo antes de as ler, no fundo eu só queria uma explicação para isto tudo porque eu não me via, não me vejo a ficar sem o ar que respiro .
Todo o dia me senti a deslizar, o meu chão, o meu porto seguro estava a desfazer-se.
Eu só queria ir a correr ter contigo, agarrar-te nas mãos e levar-te para bem longe, olhar-te nos olhos, e mesmo que as lágrimas não parassem de cair eu dizia que te amava, e depois ficávamos ali os dois, para sempre. Queria parar o tempo só para nós .
Sinto que sem ti não dá, que preciso de ti em tudo, a todo o momento, e hoje tive a certeza que só faz sentido se tu estiveres comigo. Não é exagero, não é de uma criança que não sabe o que diz, é um sentimento.
Vem, fica, vamos fazer um mundo só nosso.

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