16 de jun. de 2012

Guerra batida

Perdemos as pessoas nas trincheiras da vida. Seja pela distância, seja pela decadência ou seja pelo fim inevitável que é o último adeus. Perdemo-las sem dar conta por isso, com uma sagacidade tão feroz que parece ser feitiçaria ou magia. Perdemo-las por actos incompreensíveis, por palavras erróneas, por causa da nossa própria personalidade. Levantamos todas as armas quando é necessário defender o que é nosso - não temos colete anti-balas, não temos morfina para atenuar a dor, não temos uma imagem bem clara das coisas, do nosso alvo mas no meio deste campo de guerra, surje-nos uma força propriamente desconhecida fazendo-nos animais, monstros enraivecidos procurando salvaguardar o que de mais precioso temos.
Um tiro certeiro no coração é o da perda, isso sim indubitavelmente, reduz o nosso arsenal, a nossa artilharia pesada, a nossa frota ao mais mínimo e insignificante pedaço do que costumava ser uma alma. Debruçam-se em nós os nossos detractores, espetam-nos facas tão afiadas, tão vorazes que parecem querer consumir-nos até ao desgaste. Torturam-nos por palavras que dizemos, aniquilam esse reservatório ao qual recorríamos denominado de força, destroçam, desbaratam, desmembram, destroem tudo ao ínfimo pormenor.
Perdemos a vida? Encontramo-nos no campo de batalha...estamos sozinhos. Lá do céu vem um pássaro rasgando o azul com uma brancura de cal. Traz-nos uma mensagem, traz-nos paz.

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