28 de mai. de 2012

Espuma

Vem lá do mar o chamamento
Da escuma branca e saliva
O animal que brama cá dentro
Com tal raiva que vacila.

Não tem medo nem negrume
Este animal tão sedento
De uma paz que acalme o sangue
Do mais sentido sofrimento.

Vem lá do mar o encanto
De uma deusa que envenena
Com quais mãos de beleza
E um espírito que serena.

Umas hostes se levantaram
Por onde o mar é mais profundo
Vindo do fundo esse monstro
E que dentes se apertaram.

Os botes todos virados
As naus todas partidas
Nem uma alma vi eu viva
No meio da minha partida.

Veio-me a espuma dizer
Que a minha família me espera
Que choram por mim minhas feras
Com que raiva que prolifera.

A espuma já me chegou aos pés
Mas eu mandei-a de volta;
Pedi-lhe que fosse ter 
Com aqueles que realmente importam.

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