21 de abr. de 2012


Sinceramente, apercebo-me que mudei. Deixei de dissecar tudo o que passa à minha volta. A escrita obrigava-me a fazer isso mesmo: analisar, comparar, afastar todas as partes das minhas relações, espremer tudo ao máximo e o que ficava parecia-me sempre pouco. É esse o outro lado da escrita: torna-nos eternos insatisfeitos, faz-nos viver histórias, criar histórias, conhecer histórias. E depois tudo o que temos parece-nos pouco face ao que já lemos, ao que achamos conhecer. 
Ainda há meses era uma pessoa muito revoltada e demasiado exigente: queria sempre mais, e ninguém se mostrava disposto a dar-me tudo o que pedia. Mas parei e percebi que o problema era o facto de estereotipar o que queria e o que não queria, acabando por nunca aproveitar as essências.
Hoje, hoje tenho comigo as mesmas pessoas. Menos pessoas, talvez. Mas a verdade é que estou bem e sinto-me cada vez mais rica, com sorrisos verdadeiros e abraços bons de sentir. Tudo porque deixei as teorias e o comum, e me atrevi a viver, sem quaisquer protecções. E quando cair, se cair, vou levantar-me e mostrar a mim própria que valeu a pena.
Mariana Pereira

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