31 de out. de 2011

Poema

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são 
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).

           Álvaro de Campos 

8 comentários:

Cristina Fitas disse...

Amei.
O que vou dizer vai parecer ridículo mas as "cartas de amor são ridículas" e "se há amor,
Têm de ser
Ridículas"

Anônimo disse...

como diz a música: "cartas de amor, quem as não tem..."

Cristina Fitas disse...

Eu não tenho :$

Natália Granja disse...

ahah, "cris, a renegada" ahah :p

Cristina Fitas disse...

:'( tadinha de mim
tu tratas-me muito mal

Natália Granja disse...

Não tens razão de queixa, ah pois :p

Mariana disse...

cristina, eu quarta arranjo quem te escreva uma xd

Cristina Fitas disse...

que medo o.o