9 de set. de 2011

Intervalo luminoso

Seria tudo mais fácil se disséssemos constantemente que não, quando nos apetecesse. Poderíamos evitar as coisas que nos envergonham, que nos detêm. Seria deveras mais fácil se tivéssemos o dom de esquecer as coisas más, seria ainda mais fácil estar sempre a sorrir, de facto, seria mais fácil.
Seria tudo mais fácil, sim. Se não houvessem doenças, nem desgraças, nem dor, nem morte. É muito pedir. É muito pedir o bem, isso já percebi.
Mas quanto mais fácil seria se todos parássemos de olhar e começássemos a ver por dentro e não por fora. 
Seria mais fácil se por  um instante, conservássemos o brilho do Sol nas nossas mãos para assim poder dizer: eu sou o Sol, eu consigo iluminar tudo. Todos se ofuscarão pela minha luz, pela minha arrogância.
Então que alguém chegasse perto de mim e dissesse, bem baixinho: não sejas parvo, vais ficar sozinho, sem ninguém. Vais ficar mudo, depois de gastares todas as palavras com a tua presunção. Vais ficar como um espelho: só verás o teu reflexo, nada de real.
E agora digo que seria mais fácil se deixássemos abrir a concha do nosso coração para deixar entrar todo o tempo do mundo, todo o intervalo luminoso, que nos queira aquecer.

2 comentários:

Anya Prata disse...

****Adoro o texto :3 e adoro o blogue.
Continuem ;)****

Anônimo disse...

Obrigado :)