18 de ago. de 2011

Tudo fica

Os presentes que demos, ficaram. As coisas que ouvimos, também. Mas mais importantes serão talvez as coisas que dissemos e que restaram.

Tudo fica, de certa forma cristalizado, num estado suspenso, numa mancha que não sai, numa tinta que não seca. Tudo fica, uma lembrança, um traço de dor. Tudo fica, porque tudo se
escreve; não numa folha, não com uma caneta, mas com as nossas palavras.

As palavras podem ferir, bem sabemos, podem desenterrar passados, podem desfazer tudo. As palavras, são mais potentes que uma arma. Quando somos atingidos com uma arma, podemos sarar, podemo-nos curar, podemos morrer até e tudo acaba nesse momento, mas quando uma palavra é proferida, é algo de muito mais intenso e algo muito mais durável de que qualquer outra coisa.

A suspeita é outra coisa que fica; suspeitar de algo ou de alguém é uma das sensações mais poderosas e mais assustadoras que se pode ter. Uma suspeita é algo muito profundo, talvez mais do que a palavra. Ela (a suspeita) antecede a palavra pois a palavra é a realização de essa suspeita e suspeitar é algo que fazemos às vezes, sem saber.

Mas sempre teremos à nossa disposição aquilo que de bom nos ficou. Sempre teremos a sorte de contar com alguém que goste de nós incondicionalmente, de encontrar coragem onde não havia, de encontrar voz onde se pensava não existir, de lutar por nós e pelo nosso mérito: pensar em tudo o que já conseguimos, nos nossos amigos, nos nossos desejos. Teremos a sorte também de agradecer por algo, de fazer a história. Porque enfim, no final, tudo fica.


4 comentários:

Unknown disse...

adorei ;o

Anônimo disse...

obrigado ;)

Anônimo disse...

«tudo no final fica». Grande frase David!
Adorei o texto :)
Silviaf.

Anônimo disse...

obrigadinho sílvia :)