4 de jun. de 2011

Na Vertigem do Dia

Uma parte de mim
é todo o mundo:
outra parte é ninguém,
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte extranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar


In Introdução..., Manual de Filosofia 10º ano

5 comentários:

Natália Granja disse...

Gostei :)
Ainda não tinha reparado na introdução do manual de filosofia xp

Anônimo disse...

Não, Natália, este poema está na Unidade da Estética, no livro de Filosofia: "Introdução..."
percebes? ;)

Natália Granja disse...

Ah, sim. Mesmo assim não sabia :)

Cristina Fitas disse...

Gostei, temos bons poemas no livro, pena não nos dar interesse de os ir ver

Anônimo disse...

ahahahaha se calhar...