23 de mar. de 2011

Saudades

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

3 comentários:

Mariana disse...

Não conhecia o soneto, mas é simplesmente fantástico !
boa escolha rita (:
"Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!"
haverá maior verdade do que esta?

Rita Pimenta disse...

Adoro este poema, fico muito feliz por teres gostado :)
E não, não há maior verdade que essa Mariana *

Mariana disse...

não sei se é bom ou mau, é a vida @