Escrevendo não me falta nada, tenho tudo, as promessas, a
calma. Alguns podem chegar a pensar que quem escreve fica assim num estado de
estupidez passiva, “ah, deixa escrever deixa, não tem mais nada que fazer à
vida”. Escrevo porque quando os conceitos, as definições e os vocábulos são
insuficientes é preciso inventar uma história, contar uma história, dizer adeus,
até amanhã, olá.
Apercebo-me, realmente coitadas as pessoas que não conhecem
os motivos de quem escreve, esmagados no silêncio andam a deitar más-línguas, a
provocar bocas, a tocar na feridinha para ver jorrar o sangue. Coitados dos que
reparam nos erros dos outros sem outro motivo que não seja humilhar, desprezar –
vagos, não têm consciência de como são engraçados.
Isto sim, pobres os que põe a cabeça na almofada achados da
sua esperteza e por nada, mesmo nada, se dão à mão de ser apertada. Lindinhos,
sim, bonitos, com a carinha pintada, os olhos brilhantes de uma mesquinhez
mansa…já basta, isso não importa, vejam nos outros a alma antes de sequer
pronunciarem palavra.
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