Tudo é foi
Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.
Já outro mar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.
Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia,
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.
Momento, tempo esgotado,
fluidez sem transparência.
presença, espectro da ausência,
cadáver desenterrado.
Combustão perene e fria
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.
António Gedeão
Decidi partilhar um dos poemas que eu mais gosto. Cada vez que o leio, interpreto-o de uma forma diferente. Talvez seja porque "Neste abrir e fechar de olhos/ já todo o mundo é diferente."
2 comentários:
Belíssimo poema!E grande poeta, António Gedeão.
Adorei o poema! É realmente belo.
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